21.3.10

O Aviso

Ao poeta, um aviso, com escárnio
O marasmo do atraso que relega a mensagem ao futuro:
não te metas em respostas não perguntadas,
não pergunte porquê te aturo
Não te seguem os loucos que descendo das montanhas,
balbuciariam tuas mesmas bobagens
Te precisam sim, uns poucos,
que sem tua loucura chamariam a vida de tortura pura,
crua sabotagem.

Preâmbulo dos Pixels

Pelas bandas dos pixels
Tudo feito de plástico
Comportamento e alma
Pele e expressão
Valores mórbidos e vida
Falsificada

Nas palavras entre estranhos
Consolo que nunca basta
Uma vontade que só aumenta
A ânsia pelo toque
Pelo som da voz
Digitalizada

São ideais os avatares
Personas que queriam ser
Máscaras de medo e rejeição
Triste adoração de imagens
Refletidas num espelho
Artificial

E como que castigo à solidão
Os amantes ainda se cruzam
Encruzilhadas de informação
Só para que se queiram ainda mais
Lamentando a distância
Inexistente

Difícil é querer sem ver
Desejo que antecede vontade
Dedos dançando sobre teclas
Querendo de certo dar sentido
Solapando uma relação
Vicariante

Mundo de mentiras na ponte de uma tela
Bela, magnífica radiação de cobre
Ele não sabe dela, ela tampouco o vê
E vão-se chegando cada vez mais perto
Tornando-se aos poucos um só coração
Solícito