6.11.09

Sussurro ao Vento

Quebre o feitiço
Desfaça-se da memória
Tão rara, tão pouca
O nu e real agora
Como se o fundo
De um precipício

Ouça o grito
Incremento
Senil e azul
Lua de véu azul-escuro
Prostrado ao canto
De um pássaro bruto
Rapina cruel

Cavalgue o pranto
Solene sofrimento vil
Algemas da estátua
Silêncio do som
Velado entre velas
Naves velozes
Sem medo

Quebre a promessa
Livre-se do que foi
Tão raro, tão pouco
Rápido voar sem asas
Debaixo da mesa
E sem sapatos

Arranque a mágoa
De si mesmo o manto
Eu que não basta
Abandonado à sorte
De quem finda só
Sobre a pilha de ossos
Nu

Atormente o juízo
Pensamento
Violeta e pueril
Sol de luz vermelha
Clamando do céu
De um deserto mudo

E o pó, surdo, sereno
Cantando lembranças
Espera pela chuva
Que escorre lacrimosa
Quimera que espera
Por um ar mais grato

Úmido chão
Suspirando canção
Abrindo-se para a água

Que cai