8.4.09

Verso

É de deixar azul a alma, tanto escárnio
Trazendo tudo ao chão lamacento
É de uma crueldade vil, tanto lamento
Largando tudo à calma revirando brisa

Falar da boca e da fumaça
Cano corroendo-se mais e mais
A garganta aberta e a voz dela
Canção que se corrompe

Finos fios que balançam e animam o títere
Desdobrem-se sem demora
Desarranjem o cetro do chapeleiro
E respondam-me, nesta hora
O sopro de que se vangloria o tolo
Quase me fez ir embora
Então ouçam minha prece
E mostrem-se todos agora

É de fazer chorar um homem forte
Derrubando crença e mito
É de lamentar não saber a sorte
Soluçando antes do grito

Lembrar dos dedos e suas unhas
Prestidigitação de tato pobre
As mãos juntas e o toque dela
Maldição que não se rompe

Coisas que na sombra vagam e nela se dissipam
Recorram a meu chamado
Descosturem a capa do criador
O vazio de que se arrepende o morto
Me fez ver além da dor
Então ecoem minhas palavras
E me façam merecer o Amor

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